15 de jan. de 2012

UPP do Complexo do Alemão começará a ser instalada em março de 2012

No aniversário de um ano da ocupação, secretário de Segurança e general do Exército almoçam na favela. Moradores ainda reclamam da insegurança

No aniversário de um ano da ocupação do Complexo do Alemão, o general Adriano e o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, almoçaram na favela
No aniversário de um ano da ocupação do Complexo do Alemão, o general Adriano e o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, almoçaram na favela (Severino Silva/AG. O Dia)
A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Complexo do Alemão começará a ser instalada em março de 2012, afirmou nesta segunda-feira o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Esta será a 20ª UPP do Rio. O secretário, no dia em que foi comemorado um ano de ocupação do conjunto de favelas, reuniu a cúpula da segurança e representantes do Exército para um almoço na base da força de pacificação, no Alemão.

O secretário de segurança afirmou que as primeiras medidas para instalação da UPP serão varreduras nos complexos do Alemão e Vila Cruzeiro por parte de equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar. “Conseguimos sucesso em nosso primeiro objetivo, e agora vamos partir para instalação da UPP que é o projeto de segurança que consideramos ideal para o Estado”, disse Beltrame, explicando que, na época da ocupação, foi adotado um procedimento de emergência, para estancar uma onda de ataques que aterrorizou o Rio.

O chefe do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, informou que a tropas do Exército deixarão o Alemão após a inauguração da UPP, mas que o a Força de Pacificação continuará à disposição para outras intervenções, caso as autoridades do Rio solicitem. “Nós ainda não conversamos sobre isso. Mas caso o secretário precise pode contar com o Exército. Basta um telefonema, seja dele para mim ou do Governador para a Presidente Dilma. Estaremos a postos se houver necessidade”, disse o general.

Formalmente, usar o Exército em uma ação “para um problema” no Alemão, ou em qualquer área do Brasil, não é tão simples. Quando atua em segurança pública, militares das Forças Armadas estão sendo empregados em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO, no jargão dos militares). Isso só é possível, legalmente, quando o estado está sob intervenção – o que não ocorre no Rio. A permanência do Exército no Alemão é um arranjo político, criado entre o governador Sérgio Cabral e o ex-presidente Lula – e mantido por Dilma. 

Mudanças – Para uma área da cidade sacrificada por décadas de abandono e imposições de regras de quadrilhas de traficantes de drogas, um ano é pouco tempo. Mas o Alemão se reconstrói aos poucos. No lugar de barricadas e veículos incendiados para impedirem a entrada da Polícia na Favela da Grota, hoje há um jardim. A rua, agora de mão dupla, foi alargada. A maioria dos moradores se mostra satisfeita, mas os comerciantes reclamam do aumento de números de assalto.

A vida no Alemão, no entanto, ainda não é feita só de flores. Na última sexta-feira, na entrega da Rua Joaquim Queiroz, principal acesso à Grota, ocorreu um assalto a mão armada em plena luz do dia. A principal vítima foi a Edna Pires, de 42 anos, dona de uma loja de doces conhecida na região. Nascida e criada no Alemão, Edna conta que há dois anos tinha fechado a loja por medo dos freqüentes tiroteios entre policiais e traficantes, mas voltou a trabalhar acreditando nas melhorias. “Reabri a loja há três meses acreditando que a favela estava em paz”, disse a comerciante.

Ela conta que o assalto foi por volta das 13 horas, horário de grande. Edna se queixa da falta de amparo do Exército. “Eu falei com os soldados ali na frente e eles disseram que não tinham nada a ver com isso, que era para eu procurar a polícia. Mas eu preferi não dar queixa. Não vão recuperam o meu dinheiro mesmo”, afirma, descrente.

O general Adriano classifica os recentes assaltos como fatos isolados e afirma que o Exército está de prontidão para receber queixas dos moradores do complexo. “Nosso policiamento é intensivo, mas é impossível dar segurança a todas as pessoas e a todos os estabelecimentos 24 horas por dia no meio desse emaranhados de vielas e acessos que tem os dois complexos (Alemão e Cruzeiro)”, defende o oficial.

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