28 de out. de 2013

Lixo Zero no Adeus conta com ajuda de garis comunitários

Imagens

Eles passam quase oito horas por dia percorrendo vielas e escadarias recolhendo lixo e removendo vegetação / Agnaldo Santana
Com vassouras, enxadas e sacos enormes para recolher lixo, sete homens e uma mulher sobem e descem, entram em becos e vielas e contribuem para deixar livre de entulhos e sujeira o Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, pacificado desde 2010.
São os garis comunitários, integrantes de um pequeno exército de limpeza diária, que vencem uma luta a cada dia para evitar o acúmulo de resíduos na localidade onde vivem.
No Adeus e em outras quatro localidades do Alemão, os garis comunitários são figuras presentes na paisagem de cada manhã. Das 7h30 às 15h20, percorrem vias pequenas, escadarias e trechos mais acidentados recolhendo o que há pela frente.
João Luís da Silva. Trabalho cansativo, mas que vale a pena
João Luís da Silva. Trabalho cansativo, mas que vale a pena
Ajudam a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) a remover vegetação e retirar  resíduos orgânicos, levando para contêineres instalados em cinco pontos da comunidade.
Como os caminhões da Comlurb não conseguem subir até alguns locais, em virtude do relevo acidentado,  existe uma parceria: o município atua nas vias principais e o resto é com os garis comunitários.
Para fazer esse trabalho, cada um recebe salário mínimo, além, de adicional de insalubridade.  Também ganham instrumentos e roupas, entregues pela prefeitura. A maioria está na profissão há mais de dez anos e acredita executar um serviço essencial.
“Quando o Sol está muito forte, a situação fica pior.  É muito desgastante. Mas acho que vale a pena. A gente ajuda a  melhorar o local onde vivem os nossos familiares”, comenta João Luís da Silva, 40 anos, nascido e criado no morro. Com 13 anos no batente, revela que o lixo orgânico é o principal resíduo retirado da localidade. “Mais o mais cansativo é capinar e tirar o mato.”
Com quatro anos a mais de trabalho, Edvaldo da Silva  conhece de perto  boa parte da comunidade do Adeus, formada por cerca de oito mil pessoas. Anda para cima e para baixo de segunda a sábado a pé ou em um trator.
Para ele, a ação dos comunitários faz toda a diferença. “Trabalhamos em mutirão. A associação informa os lugares em situação mais crítica e nós vamos. Se a população pedir, também atuamos”, comenta.
O gari comunitário Edvaldo da Silva.
O gari comunitário Edvaldo da Silva. "Trabalhamos em mutirão"
A relação com parte dos moradores,observa  Edvaldo, ainda precisa melhorar um pouco. O gari acredita que é necessário atualmente realizar uma campanha de conscientização com a população. A ideia é orientar sobre a maneira correta de descarte dos resíduos.
“Em algumas áreas, a gente passa e não tem lixo para pegar. Quando volta mais tarde, está tudo  jogado no chão. Muitas pessoas não  colaboram, infelizmente.”
Ele cita, no entanto, o aumento da participação de catadores de recicláveis. “O pessoal da garrafa e do papel também dá uma força e leva o material para vender.”
Única mulher da equipe, Expedita Conceição, 62, está há 16 anos  no batente diário. Hoje, afirma, o trabalho ficou mais fácil. “Por causa da idade, estou apenas responsável pela varrição em becos e não pego muito peso”, comenta.  
A gari comunitária, no entanto, faz uma queixa. “Aqui perto de casa, como eu falo muito, as pessoas já respeitam os horários de coleta, mas muitas pessoas ainda não ajudam.”
A atuação dos garis comunitários recebe elogios da associação de moradores do Adeus. Danúzia Tomás, presidente da entidade, classifica o serviço como essencial. “Mesmo com queixas de moradores, que não concordam com horários e dizem que eles são lentos, acho que é fundamental. Imagine isso aqui sem a limpeza feita por eles?”
Expedita Conceição, 62, é a única mulher da equipe
Expedita Conceição, 62, é a única mulher da equipe
Para moradores, existem problemas, pois os garis não podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas mesmo assim, as condições da vizinhança melhoraram nos últimos 30 anos, desde que ela chegou à comunidade.
“Sem eles, seria bem pior”,  declara Miriam Gomes da Silva, dona de casa, que mora numa escadaria perto da associação. “Morar aqui está muito melhor.  Desde a pacificação, a gente pode ir e vir melhor e os serviços já estão sendo feitos.”
Uma pesquisa feita pela Comlurb, sobre lixo em  áreas pacificadas revelou que, entre 2011 e 2012, a quantidade de resíduos  gerada por cada habitante subiu, em média, de  0,49 kg/habitante para 0,53 kg/habitante.
A coleta de lixo orgânico aumentou 5%. E a remoção seletiva provocou a queda na retirada de garrafas PET e papel em muitas áreas com UPP.


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